A cruel cultura do estupro.
Uma das melhores coisas do Brasil era o nosso futebol; ovacionado mundialmente. Reconhecido por talentos da bola e, trazia a alegria, das pessoas em qualquer situação e condição social. Mas atualmente virou, dentre outras, nossa maior vergonha. Em 2022, um craque baiano, foi condenado por estupro de uma mulher na Espanha, Daniel Alves, nossa referência como um bom jogador e, um homem de ações sociais onde montou uma Instituição em Lauro de Freitas com o objetivo de transformar vidas de crianças e adolescentes através da atividade esportiva. A Fundação não levou dois anos… lamentável! O mesmo vem sendo protegido por parceiros seja por omissão, o silêncio sobre o caso, ou por ação direta como aconteceu por meio da doação de alguns milhares de Euros por parte de Neymar, ajudando o parceiro a diminuir a pena de prisão. O mesmo segue os mesmos passos. Me pergunto; será que um orgasmo com uma mulher peituda, de bunda grande vale tudo isso? Acabar um casamento e ter sua carreira esquecida…
Emlacombe sugeriu a
“desneymarização” do futebol considerando que, embora o jogador tenha lá o seu talento e seja muito valorizado financeiramente por isso, ele vem sendo uma figura cujas posições como personagem público causam mal-estar e vergonha a quem ama o futebol e sabe da sua função na produção de um imaginário para a democracia. Neymar causa vergonha alheia seja enquanto garoto propaganda de ideias que, na sua maioria,não agradava a maioria das pessoas, seja como sonegador de impostos ou defensor de fascistas.
Daniel Alves não é o primeiro a estuprar e ser condenado. Há mais nomes brasileiros, junto a nomes estrangeiros, igualmente condenados por esse crime que é naturalizado no patriarcado.
O estupro é o crime machista por excelência. Homens estupram ao longo das eras, em todos os contextos históricos, geográficos e sociais. Se a masculinidade se confunde com a violência, o estupro faz parte dela, sendo uma espécie de ameaça interna, o que Rita Segato chamou de “ mandato de violação” O que vem sendo chamado há bastante tempo de « cultura do estupro » diz respeito a essa estranha norma que paira sobre todas as mulheres como ameaça.
Obviamente, é preciso afirmar que isso não quer dizer que todas as relações sexuais sejam violentas. Certamente, é possível haver relações sexuais livres de violência, assim como é possível haver comunicação sem violência e viver sem violência. Mas é importante saber que não há patriarcado sem violências, sendo o estupro emblemático da violência fálica que caracteriza o sistema. Assim, a cultura do estupro precisa ser desmontada por meio do enfrentamento a essa ideia, da análise e da crítica e certamente ela passa por enfrentar uma forma de pensar que objetifica mulheres tratando-as como seres a serem humilhados e destruídos. Por que fazer isso? A resposta fica entre a perversão e a inveja das mulheres, mas pode ser também uma combinação das duas coisas. E a terceira; o desejo enrustido de ser mulher. Aí, só Freud e a Psicanálise explica… enquanto isso, 180 neles! Não se calem! Lei Maria da Penha!.
Graça Gomes. Escritora.
Pedagoga. Psicopedagoga. Educadora Parental.